sábado, novembro 16, 2002

"Um gato vive um pouco nas poltronas, no cimento ao sol, no telhado sob a lua. Vive também sobre a mesa do escritório, e o salto preciso que ele dá para atingi-la é mais do que impulso para a cultura. É o movimento civilizado de um organismo plenamente ajustado às leis físicas, e que não carece de suplemento de informação. Livros e papéis, beneficiam-se com a sua presteza austera. Mais do que a coruja, o gato é símbolo e guardião da vida intelectual."

(Perde o gato - crônica de Carlos Drummond de Andrade)


Direto daqui. --> Site sobre os gatinhos nas artes.
Hoje acordei às sete horas com uma dor terrivel do lado direito do rosto. Pareciam que estavam jogando oléo fervente no meu ouvido e espetando agulhas no rosto. Talvez só tenha sentido mais dor nas várias vezes em que torci os pés e quando extraí os sisos. Como é horrível ter dor de ouvido!!!

sexta-feira, novembro 15, 2002

Estou sentindo muita raiva, mas muita raiva mesmo.
Não gosto muito de escrever no computador. Acho que o lápis e o papel são muito mais fiéis e me dão maior liberdade. Ainda sou daquelas pessoas que preferem escrever seus diários em cadernos, mas estou tentando me adaptar aos novos tempos.
Não, realmente não foi uma indireta. Eu não sou pessoa de dissimulações, eu sou franca e espontânea até demais. Com o tempo você vai perceber isso. O pouco tempo em que convivemos talvez não tenha sido o suficiente para perceber que eu só me relaciono com quem eu realmente gosto; eu mal dou bom dia aos meus desafetos.

Eu sempre gostei de tigres, sempre foram os meus animais preferidos.

quinta-feira, novembro 14, 2002

Os tigres são meus animais prediletos. Aliás, quase todos os felinos os são (só não gosto muito de leões... acho que eles têm muita pose e fazem pouca coisa) --> Isso NÂO é uma indireta.

Sinceramente? Eu não gosto de Nelson Rodrigues. Sou muito mais Daltan Trevisan.

segunda-feira, novembro 11, 2002

uma música...


... que quando toca me faz pular da cadeira e sair correndo, pra dançar e pular na pista feito débil mental: "elevation" - u2

... que ouço no volume máximo a fim de obrigar os vizinhos a conhecê-la: "devil's haircut" - beck

... a ser tocada na trilha sonora do filme sobre a minha vida, no exato momento em que beijo o mocinho pela primeira vez depois de longa e excruciante espera: "la vie en rose" - edith piaf

... que deveria ser tocada em cadeia nacional de rádio e televisão: "gente humilde" - chico buarque

... maravilhosa com letra em francês: "la vie en rose" - edith piaf

... cuja cover foi capaz de superar a versão original: "with a little help from my friends" - james cooker

... bacana com nome de mulher: "silvia" - camisa de vênus

... que estaria tocando atualmente em todas as rádios, se vivêssemos em um mundo onde os programadores fossem menos imbecis: "só tinha que ser com você" - elis regina

... que ao ser regravada ficou tão boa quanto a original: "you do something to me" - sinnead o'connor

... para tocar no meu funeral, enquanto os camaradas recordam casos embaraçosos que protagonizei durante minha vida banal: "let's fucked up" - the cramps

... para fechar os olhos e sonhar acordado: "chega de saudade" - tom jobim

... cujo título é melhor que a própria música: "also sprach zarathustra"

... ótima para ouvir enquanto toco bateria no ar: "moby dick" - led zeppelin

... para ouvir no carro em uma estrada deserta, à noite, com o vento na cara: "born to be wild" - stepenwolf

... para matar alguém com requintes de crueldade: "the perfect drug" - nin

... que me faz lembrar de motel: aquela que a mulherzinha fica susurrando: je t'aime, mon amour

... para curtir uma tremenda fossa, estatelado na cama com os olhos pregados no branco do teto: "walking after you" - foo fighters

... que me faz lembrar de uma foda foda: "simpaty with teh devil" - the rolling stones

... que é brega, mas eu gosto mesmo assim e foda-se: "singing in the rain" - gene kelly

... com letra foderosa e melodia mezzo mezzo: "last kiss" - pearl jam

... com melodia foderosa e letra mezzo mezzo: "beautfull stranger" - madonna

... altamente afrodisíaca: "fever" - peggy sue

... que me faz lembrar alguém que eu preferiria esquecer: "here, there, everywhere" - the beatles

... que eu venderia a alma para ter composto: "as quatro estações" - vivaldi

... para ouvir em dias de chuva, pensando no Tudo e no Nada: qualquer uma do tom jobim e do vinicius, cantada pela elis regina

... que tocou no rádio até torrar o saco e mesmo assim ainda gosto: "music" - madonna

domingo, novembro 10, 2002

Enquanto a minha inspiração está dormindo (e eu também, que estou sonolenta), um texto de um cronista muito "arretado".

Alívio caipira
Mário Prata

Eu devia ter uns 15 anos quando tomei a minha primeira caipirinha. A gente nunca esquece; cachaça, limão e açúcar. Pouco açúcar, sempre. Com o passar do tempo, foram surgindo caipirinhas com sabores de vodka (e ainda deram o terrível nome de caipiroska). Caipirinha de uísque. E, acredite quem quiser, aqui na Ilha tem caipirinha de vinho tinto. E chega até a ser tragável.

Mas eu não podia admitir que uma das únicas bebidas nacionais fosse servida com vodka, ou uísque. E quer me irritar é usar lima-da-pérsia. Nacionalista, durante 40 anos só tomei caipirinha de cachaça e cheguei algumas vezes a me irritar com cardápios que destruíam a cultura brasileira com caipiras - no mínimo - countries.

Era uma atitude política. Assim como preferir o Bauru ao MacDonald's. Éramos revolucionários, nacionalistas, de esquerda, para usar uma palavra que não se usa mais. Nunca tomei uma caipirinha de vodka. Até domingo passado.

Entrei no bar e pedi uma caipirinha de vodka com pouco açúcar. Mas ainda não tive a coragem de pronunciar a palavra caipiroska.

E pedi sabendo que esta minha decisão tem muito a ver com a eleição do Lula para ser o nosso presidente. Não sei se me faço entender, mas com o homem lá, posso tomar minha vodka no lugar da cachaça. Posso ir ao MacDonald's e comer aqueles negócios. Que, aliás, são bons.

Com a subida do Lula ao poder, é uma boa parte da minha geração que tanto brigou com os Estados Unidos e suas influências, que chegou lá em cima. Me passa a impressão de que o Brasil vai voltar a ser brasileiro de novo. Que vai voltar a cachaça, o Bauru e a mortadela. Periga voltar até mesmo a "mortandela".

Tem tanta coisa boa para voltar, já percebeu? Principalmente um prato de comida, um cafezinho e o cigarrinho de rolo para ser pitado de cócoras. Viva o bife a cavalo, a carninha moída, a carne-de-sol e o sol propriamente dito que começa a aparecer.

Já raiou a liberdade no horizonte do Brasil.


Tudo isso, cara, é para chegar ao futebol. Não vi o Lula falando muito em esportes profissionais na sua campanha. Mas acontece que vai ter time grande caindo para a segunda divisão. E vai ter virada de mesa. E eu queria saber muito como vai se portar o novo governo brasileiro diante disto. Está mais do que na hora de democratizar o futebol brasileiro, acabar com esta tal (estatal?) de CBF. Criar o Ministério do Futebol, minha gente. Não podemos perder a cachaça, o churrasquinho de gato nem o futebol.

Peitar o FMI vai ser moleza. Quero ver é como vai ser com os cartolas e com a corrupção que faz com que nossos craques vão jogar até na China.

Vamos trocar a Fome Gero pela Fome Zero.

Poderemos continuar a tomar caipiroska. Não me importo mais, porque sei que a verdadeira caipirinha chegou - finalmente - a Brasília. E acho também que - tinham de detonar este nosso Hino Nacional pela Aquarela do Brasil.

Brasil, meu Brasil brasileiro... Já pensou na Copa do Mundo, todo mundo cantando? E, em vez daquelas caras carrancudas de jogadores ouvindo o hino - e tentando cantar -, já poderia começar ali mesmo a ginga dos nossos jogadores.

Lula, vamos levar o samba e o forró para Brasília.

Chega de academicismo. "Prepare seu coração, pras coisas que eu vou contar, ele vem lá do sertão e pode não lhe agradar."

Aprendemos a dizer não e espero que agora, no meu país, as pessoas não cantem mais que "vence na vida quem diz sim".